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Pilotar na chuva exige cuidado com os pneus; veja dicas para não escorregar

Roberto Agresti

Colunista do UOL

05/12/2016 08h00

Redobre a atenção e siga sempre orientações do manual

A estacão mais chuvosa chegou. É preciso ficar atento, principalmente no sudeste do Brasil, região onde estão as maiores cidades do país -- por consequência, o lugar com mais motos por habitante.

Cuidado ao pilotar em pisos molhados - Infomoto - Infomoto
Cuidado ao pilotar em pisos molhados
Imagem: Infomoto

Encontrar um motociclista que goste de rodar na chuva é quase como procurar agulha em palheiro, mas a questão envolvida não é só o gostar, e sim a necessidade de ir de ponto A a B simplesmente por absoluta falta de outra opção. A pilotagem em piso molhado requer não apenas destreza mas atitude especial; este é um tema tão importante que merecerá um capítulo -- ou vários -- elaborados no futuro.

Só que não é só o modo de pilotar no piso escorregadio que fará a diferença entre chegar são e salvo ou amargar um doloroso escorregão, com consequências financeira e físicas imprevisíveis: o elemento de conexão com o piso, os pneus, deve merecer atenção mais que especial.

Cuidar bem deste nevrálgico componente da motocicleta vai além de dar aquela olhadinha de vez em quando para ver se o desgaste da banda de rodagem está dentro do limite. Confira "mandamentos" para que os pneus não sejam fonte de problemas.

1. Marca/modelo

Todo veículo sai de fábrica com um pneu especificamente estudado para oferecer ao veículo o melhor, seja em termos de segurança, performance ou na relação custo-benefício. Quando chegar a hora da troca, optar por um pneu igual ao original é o melhor caminho, embora não seja obrigatório -- alguns fabricantes de motocicletas estampam no manual do proprietário opções de marcas diferentes para um mesmo modelo, Mas atenção: marcas podem ser diferentes, mas jamais as medidas. Na hora da troca, se por qualquer razão (insatisfação com o desempenho, preço ou até visual) você queira mudar de marca, consulte sempre o manual do proprietário. Na ausência dele, concessionárias ou até mesmo o site do fabricante deverão saber informar corretamente o pneu homologado para a moto. Premissa básica: para uso em piso molhado, os pneus mais eficazes são, em linhas gerais, aqueles que têm sulcos ou ranhuras profundas e mais espaçadas.

2. Medida

Este é um ponto polêmico. Como explicado acima, quando os engenheiros e pilotos de uma fábrica determinam as dimensões dos pneus, eles levam em conta diversos fatores. Muitos motociclistas -- quase sempre por razões estéticas -- tendem a "inventar moda", principalmente aumentando a largura do pneu traseiro. É uma atitude temerária, que pode causar diversos problemas -- o mais comum deles é o contato do pneu em partes da moto, especialmente na balança de suspensão. Mesmo se for contradizer a recomendação do fabricante, nunca exagere. Ao contrário da crença mais disseminada, um pneu mais largo, especialmente em piso molhado, não oferece melhor performance, pois estará mais sujeito a um grande inimigo, a aquaplanagem, provocando perda de aderência. Outro aspecto é que o pneu mais largo tende a tornar a moto mais lenta em mudanças de direção.

3. Pressão

Uma vez por semana é a frequência ideal para verificar a pressão dos pneus. Caso você rode muito, por exemplo acima dos 100 quilômetros diários, encurte a distância destas verificações para dois dias. Em viagens, especialmente no verão, é regra verificar a pressão na partida e, se a viagem for longa, conferir nos reabastecimentos. Fique ligado: os dados indicados no manual ou nos adesivos colados em partes próximas ao pneu traseiro (geralmente na balança de suspensão) são indicações para a regulagem a frio, ou seja, quando o pneu não rodou mais do que um ou dois quilômetros -- se o pneu estiver quente, acrescente 2 psi ao número indicado. Note que muitas motos vêm com duas indicações, a de piloto e a de piloto e acompanhante. Muitos motociclistas gostam de alterar a pressão de acordo com sua preferência: mais cheios do que o especificado deixam a moto mais ágil, mas também menos confortável e estável em pisos ruins; mais murchos deixam a moto mais macia, mas também mais lenta nas reações, além de mais suscetíveis a estragos como rasgos, furos ou amassados no aro. De qualquer maneira, a regra é a mesma: nunca exagerar, nem para mais nem para menos.

4. Desgaste

Pneus envelhecem de várias maneiras. A mais evidente é o consumo da banda de rodagem: os sulcos ou ranhuras vão diminuindoe. Para verificar esse aspecto, os pneus são dotados de um indicador chamado de TWI (sigla para indicador de desgaste, em inglês), que nada mais é que um ressalto transversal à banda de rodagem que mostra claramente quando o desgaste chegou ao limite recomendável. Porém, em piso molhado, mesmo que não tenham atingido a marcação do TWI, pneus usados são menos eficientes do que os novos -- portanto, para a estação chuvosa, tente antecipar a troca. Outro "desgaste" ocorre por ressecamento do composto da borracha, facilmente identificável por pequenas rachaduras nas laterais, especialmente na proximidade do aro. Isso acontece em pneus velhos ou pela exposição a agentes químicos. É errado limpar com derivados de petróleo que atacam o composto; o mais correto é utilizar apenas água e sabão. A carcaça de um pneu ressecado perde propriedades de resistência e pode, em casos extremos, até se romper.

5. Deformação

É um problema mais raro, mas que influencia de maneira brutal na segurança, especialmente quando a aderência é crítica. O pneu se deforma em motos mais pesadas e nas que ficam estacionadas por longos períodos com pressão abaixo do ideal. A carcaça, especialmente em modelos radiais, se deforma na área de contato com o solo -- este é um problema que, se constatado, não tem remédio e implica na substituição do pneu. Um paliativo para tal deformação é elevar a pressão durante o período de imobilidade, não esquecendo de retornar o nível e pressão ao recomendado antes de rodar. Melhor solução é suspender a moto, evitando o contato dos pneus com o solo. Em modelos dotados de cavalete central, tal ação é facilitada, bastando calçar a extremidade da suspensão dianteira com qualquer toco de madeira ou algo similar. Já nas motos que só têm cavalete lateral, o procedimento pode ser colocá-la sobre suportes apropriados para tal fim.