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Escalada da tecnologia facilita pilotagem também das motos

Freios com ABS ou frenagem combinada permitem manobrar ao reduzir velocidade - Divulgação
Freios com ABS ou frenagem combinada permitem manobrar ao reduzir velocidade Imagem: Divulgação

Roberto Agresti

Colunista do UOL

03/10/2016 08h00

Na última década a tecnologia aplicada às motocicletas evoluiu fortemente. Bom exemplo vem dos sistemas de alimentação dos motores: são raros os modelos ainda equipados como o anacrônico carburador, derrotado pela mais confiável injeção eletrônica, que melhora consumo e emissões além de ajudar os motores a suportar combustíveis de qualidade heterogênea.

Outro exemplo bom vem dos freios. Cada vez mais motocicletas tem o dispositivo que evita travamento nas frenagens mais fortes e/ou em piso escorregadios, o ABS, ou sistemas mais simples de frenagem combinada, que reduzem em muito os espaços de parada.

Na lista do progresso tecnológico ainda cabem faróis mais luminosos, lâmpadas que duram mais ou LED. Nos pneus, a maior capacidade de agarrar em piso seco ou molhado é evidente, assim como as suspensões atuais engolem melhor pavimentos ruins.

Controle total

A eletrônica não se limita à injeção de combustível e as cada vez mais elaboradas centrais eletrônicas atuam no gerenciamento dos motores a la carte: não são apenas as motos esportivas as que permitem escolher o caráter do motor, o modo como ele vai se comportar a cada vez que você acelera.

Está chovendo? Selecione "rain" (chuva em inglês) no painel e a potência, ou a maneira como ela chegará à roda, será reduzida; em "urban" o motor ficará com comportamento mais adequado ao uso urbano e "road" ao rodoviário.

Controles de tração também estão cada vez mais comuns nos modelos mais potentes assim como a existência de verdadeiros menus para ajuste de suspensões, câmbios automatizados e aparatos de conforto como aquecedores de manopla, para-brisas reguláveis, etc.

O que mais virá? Estes sistemas que equipam as motocicletas mais sofisticadas e caras migrarão para motos mais acessíveis e voltadas para um uso utilitário. 

Certamente não teria cabimento uma Honda CG, a mais vendida motocicleta do Brasil, modelo nascido para ser simples, prático e barato, trazer luxos que contrariassem seu espírito de simplicidade e a encarecessem exageradamente.

No entanto, não é um exercício de futurologia prever que do mesmo modo que o outrora caro ABS foi barateado a ponto de já equipar uma moto pequena, a Honda NXR 190, outros aparatos considerados exclusivos das motos mais caras poderão fazer este mesmo caminho e se popularizarem.

Mãozinha ao piloto

Potência contida de modelos com motores pequenos, de 100 a 250 cc, não é desculpa para a ausência de opções na gestão. Para auxiliar na economia, alguns modelos trazem no painel uma luzinha verde que avisa quando o motociclista está conduzindo de maneira econômica.

Melhor que isso seria uma tecla que, quando acionada, atuaria em sistemas eletrônicos mudando os parâmetros visando reduzir ainda mais consumo, emissões e adequação ao tipo e local de utilização.

Outro sistema que chegará a qualquer momento nas utilitárias é o dispositivo que desliga o motor nas paradas mais prolongadas e o religa automaticamente na hora de partir, aliás, já presente no scooter Honda PCX.

Faria um bem danado a modelos destinados a motociclistas inexperientes uma modernidade que está em vias de ser introduzida nas motos mais sofisticadas da alemã BMW e da austríaca KTM, o assistente de partida em subida. Relativamente comum em automóveis, o "hill holder" mantém freado o veículo quando em partida em subidas. Nas motos a estreia será em modelos onde o elevado peso pode complicar a manobra mas é inegável que este é o típico sistema sem contra-indicação, bom para as grandes ou nem tanto.

Ainda ausentes mesmo nas mais sofisticadas motos à venda atualmente são os sistemas de segurança ativos diante da possibilidade de colisões. Presentes em alguns automóveis, tais aparatos mantém as trajetórias dos carros "lendo" a sinalização de solo presente nas rodovias e enxergam reduções imprevistas da velocidade de veículos à frente, atuando na frenagem ou exibindo alertas visuais ou sonoros.

Talvez a implantação desse tipo de sistema em uma motocicleta esteja atrasada por causa de questões específicas da diferente dinâmica do veículo de duas rodas. Todavia, como dito no início, a evolução da tecnologia aplicada aos veículos na última década não permite descartar nada, principalmente os sistemas dedicados a aumentar a segurança e a redução de consumo e emissão de poluentes.

Honda CG com controle de tração, head-up display, start-stop, navegador conectado a satélites, alerta de colisão e airbag? Por quê não?