Motos pequenas enfim se rendem à segurança dos freios assistidos
Recentemente dois lançamentos de Honda e Yamaha tiveram como destaque técnico o aperfeiçoamento na frenagem. Nascida para ocupar a "fresta" entre a NXR 160 Bros e a XRE 300, a recém-apresentada Honda XRE 190 traz um inédito freio dianteiro a disco dotado de ABS, sistema que impede o travamento da roda e a consequente perda de aderência numa frenagem brusca.
Trata-se não apenas da menor e mais acessível moto à venda com tal dispositivo, como também a única no qual apenas a roda dianteira é servida pela assistência, visto que normalmente o ABS atua em ambas as rodas.
Já a Yamaha apresentou a Fazer 150 com o UBS, sigla da expressão em inglês "Unified Braking System", sistema de frenagem combinada (popular CBS) no qual o pedal, que usualmente só atua no freio traseiro, também age no freio dianteiro. O dispositivo não é uma novidade, pois desde 2014 a best seller do segmento, a Honda CG Titan, é oferecida com um sistema semelhante, o chamado CombiBrake ou CBS, Combined Brake System.
Seja no mais sofisticado dispositivo ABS presente na XRE 190, no qual é a eletrônica a controlar a frenagem, seja no mais simples sistema mecânico/hidráulico escolhido para as menores CG e Fazer, a meta é estar preparado para 2019, ano no qual a legislação obrigará os fabricantes a dotar todas as motocicletas à venda no Brasil de dispositivos de assistência à frenagem.
Segurança vs. custos
Melhorar a frenagem é uma uma iniciativa obrigatória, embora nada simples. Freios bons são fundamentais para qualquer veículo, mas há questões técnicas a serem consideradas. Certamente o ideal seria equipar todas as motos com o consagrado sistema ABS, só que isso isso esbarraria no sempre delicado aspecto do custo.
Em motos grandes e médias é mais fácil embutir o elevado valor do dispositivo eletrônico sem tornar o preço final inviável. A chegada do ABS, mesmo que "pela metade", na XRE 190 certamente proporcionará uma economia de escala que barateará o sistema, tornando sua inclusão em outras motos com preço abaixo dos R$ 15 mil viável.
Já na faixa abaixo dos R$ 10 mil a ideia é romper com a tradição de que o pedal só atua no freio traseiro. Combinar a frenagem entre as duas rodas já é um bom caminho para reduzir espaço de frenagem e, consequentemente, aumentar a segurança.
Tambor resiste à extinção
Mas há bem mais a fazer: a primeira e fundamental iniciativa seria a extinção do anacrônico sistema de freio a tambor, ainda presente em muitas motos pequenas e até médias. Certamente não é um grande problema para uma moto leve, de até 250 cc, ter freio a disco na dianteira e a tambor atrás. O pior cenário, porém, é aquele no qual o tambor está presente em ambas as rodas.
Quando uma motocicleta é nova até que a frenagem oferecida pelos freios a tambor cumprem seu papel razoavelmente. O problema é que, com o tempo, o sistema tende a perder eficiência de forma muito mais acelerada do que os freios a disco. Fora isso, sujeira e água afetam a eficácia de freios a tambor muito mais que nos freios a discos, e o modo de acionamento continua a ser feito pelo obsoleto cabo de aço.
Os fabricantes ainda oferecerem motocicletas com freios a tambor por duas razões. A mais evidente é que o sistema ainda é mais barato em termos de custo de produção. A outra, surpreendente, é que há quem julgue a frenagem por disco insegura por conta de uma suposta potência excessiva, e por isso prefere os freios a tambor. Há também o custo da manutenção, ainda levemente mais caro no sistema a disco.
Prefira a tecnologia
Crenças fundadas ou infundadas à parte, o mais importante é que com frenagem não se pode brincar. Na hora H dispor de um sistema que efetivamente consiga reduzir a velocidade da melhor maneira possível faz a diferença entre o susto e a tragédia. A introdução da Honda XRE 190 com o ABS dianteiro é um acerto, possibilitando aos clientes de menor poder aquisitivo o acesso à inegável superioridade em segurança que a frenagem antiblocante oferece.
O mesmo serve para a proliferação dos freios combinados nas motocicletas mais baratas, cujos clientes, em boa parte inexperientes e mal treinados, trazem o vício malvadamente disseminado de privilegiar a frenagem com o freio traseiro, deixando ao dianteiro o papel de auxiliar, quando o correto é o exato oposto.
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