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Caçador de Carros: Vai comprar carro usado, deixe apelo emocional de lado

Carro usado: escolher direito, usando fatores racionais, é sempre necessário - Divulgação
Carro usado: escolher direito, usando fatores racionais, é sempre necessário
Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

12/04/2019 07h00

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Para muitas pessoas, a compra de um carro é sempre um grande acontecimento, que costuma mexer com o emocional. O carro não é apenas um meio capaz de transportar seus ocupantes do ponto A para o ponto B. Ele ainda é um instrumento de liberdade e conquista, motivo de orgulho para muitos.

A euforia no momento da compra costuma ser tão grande que não é raro algumas pessoas fazerem maus negócios.

Um "grande amigo" meu, por exemplo, teve um bom carro por muitos anos. Bom como? Era um modelo simples, sem item algum de conforto, mas que o atendeu muito bem, sem nunca tê-lo deixado na mão. Em certo momento, depois de anos de economia, esse amigo resolveu que era hora de trocar o antigo por um modelo um pouco mais novo e mais completo.

Quando esse amigo se deparou com o primeiro carro nessas novas condições, a emoção foi tanta que ele ficou "cego" para alguns detalhes. Tudo o que os seus olhos viam eram botões espalhados pelo painel, o acabamento primoroso, a leveza da direção hidráulica e o frescor proporcionado pelo ar-condicionado.

Ele se imaginou acelerando aquele motorzão potente e viajando com a família com o grande porta-malas lotado de bagagens. Pois bem, o amigo sequer pesquisou um pouco mais e fechou o negócio na hora.

Estaria tudo perfeito, não fossem justamente os tais "detalhes": problemas na chave de seta; rompimento do cabo da embreagem; falhas em diversos sensores da injeção eletrônica; furos de cigarro no estofamento; pneus ruins; trincas nas torres dos amortecedores; escapamento furado, entre outros.

Todos esses problemas estavam lá no dia da compra, mas meu amigo não quis -- ou não conseguiu -- enxergá-los, já que as vantagens que ele supostamente teria com esse novo carro ocultaram a realidade. No final das contas, foi um pesadelo que só acabou quando o modelo foi passado adiante por um valor bem inferior ao que tinha custado.

Faltou a companhia -- ou ao menos os conselhos -- de uma pessoa sem ligação emocional alguma com aquela compra. Alguém que entendesse de carros em detalhes e pudesse alertá-lo. Na prática, alguém que o ajudasse a enxergar os defeitos do carro.

É bem possível que você tenha se identificado com esse meu amigo. Afinal, como "Caçador de Carros", ouço de clientes muitos casos parecidos. Diante de situações como a relatada, a principal recomendação, sem dúvida, é levar alguém que entenda do assunto no momento de procurar o carro desejado.

Se isso não for possível, aqui vão cinco outras dicas bacanas que costumam ajudar a manter os pés no chão na hora de comprar o carro novo:

Analise bem o carro

Tire fotos ou anote os detalhes que encontrar sobre o carro pretendido numa folha de papel. Isso é bom para não esquecer depois e conseguir incluir todos eles na conversa, no momento de negociar o valor.

Faça as contas

É preciso ter certeza de que o novo carro cabe no seu orçamento. Lembre-se que qualquer veículo gera mais do que o custo inicial da compra.

Gera gastos de manutenção, combustível, taxas e impostos, além de possíveis parcelas de seguro e financiamento.

Não leve familiares

Evite levar a família para procurar o carro. A chance de encantamento também deles é grande, e isso vai contribuir para aumentar o risco de uma compra impulsiva por sua parte. Leve um amigo de confiança, mas de perfil diferente do seu ou, melhor, um mecânico ou especialista.

Sem empolgação

Não demonstre tanto interesse no momento da compra. Ainda que o interesse seja real, disfarce.

O vendedor pode identificar esse desejo e dificilmente vai querer ceder na negociação.

Pesquise sempre

Cote mais de um modelo, busque em mais de uma loja. Muitas vezes, o melhor negócio pode surgir apenas na segunda ou terceira opção. Só feche no primeiro se tiver 100% de certeza que é o que realmente precisa.

Por fim, caso o leitor não tenha acreditado na história do meu amigo, eu vou contar quem é ele. Aconteceu comigo, anos antes de eu me tornar "Caçador de Carros". Por mais apaixonado que eu seja por carros e por mais que eu entenda bastante sobre eles, agora, meu emocional venceu minha razão naquela ocasião e eu fiz um dos piores negócios da minha vida.

Aquela experiência foi fundamental para minha profissão, pois hoje evito que qualquer um dos meus clientes passe por algo parecido.