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Fernando Calmon

Caoa Chery é só o começo: plano é fazer marca chinesa virar apenas "Caoa"

Chery Tiggo 2 com a insígnia "Caoa Chery" na tampa do porta-malas - Eugênio Augusto Brito/UOL
Chery Tiggo 2 com a insígnia "Caoa Chery" na tampa do porta-malas
Imagem: Eugênio Augusto Brito/UOL

Colaboração para o UOL

04/04/2018 11h01

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Fontes consultadas pela Coluna afirmam que projeto é criar a "única fabricante automotiva genuinamente brasileira"

Lançamento do Chery Tiggo 2, semana passada em Itupeva (SP), trouxe uma pequena surpresa. No palco, durante a apresentação à Imprensa, havia uma unidade azul com uma singela folha de papel branco encobrindo pequena área do lado direito da traseira do crossover/SUV sino-brasileiro.

Ao se retirar a folha, apareceu um novo logotipo, "Caoa Chery", que não estava em nenhum dos carros disponibilizados para avaliação aos jornalistas. Significado vai além do puro simbolismo. Afinal, estavam presentes para dar o aval dois diretores chineses da Chery: o presidente, Anning Chen e o presidente de operações internacionais, Pan Yanlong. 

O grupo brasileiro havia anunciado, em novembro do ano passado, que se tornaria um fabricante de origem local -- o único, atualmente -- ao comprar por US$ 63 milhões (R$ 200 milhões) 50% da filial nacional da empresa fundada na China há apenas 16 anos.

É possível, se alcançada participação de mercado mais substancial, que os modelos estampem apenas Caoa no futuro. Há caso semelhante na Índia, onde a japonesa Suzuki utiliza também o nome local Maruti.

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Projeto ambicioso

Os planos da Caoa Chery são audaciosos. A empresa promete investir R$ 2 bilhões nos próximos anos e aumentar a participação de mercado do ínfimo 0,1% obtido em 2017 para 0,6% já em 2018 e 2% em 2020. Até dezembro o número de concessionárias saltará de atuais 25 para 55.

Há outros três lançamentos programados para 2018, todos com montagem local -- apesar de baixo índice de localização.

Fontes da coluna indicam que, além do sedã Arrizo 5 (mesmo porte de Volkswagen Virtus e Honda City), estreará o Tiggo 4, SUV médio que acaba ser lançado no Chile e compete diretamente no segmento de Honda HR-V, Nissan Kicks e afins. Estes serão produzidos ao lado de QQ e Tiggo 2 em Jacareí (SP), onde os Celler hatch e sedã foram descontinuados.

Já o Tiggo 7, SUV de maior porte, está reservado para a fábrica da Caoa em Anápolis (GO).

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Chery Tiggo 4, um dos projetos mais recentes da marca chinesa e com dimensões similares a um Honda HR-V, está na lista de próximos lançamentos ainda para este ano
Imagem: Divulgação

Como é o Tiggo 2

O atual Tiggo 2 evoluiu em termos de dirigibilidade, acabamento e qualidade de montagem. Seus pontos altos: estilo mais refinado e o motor quatro-cilindros de 1,5 litro, 110/115 cv (gasolina/etanol). Distância entre-eixos é de 2,55 m (quase igual à do Polo, de 2,56 m). Ótimo porta-malas de 420 litros.

Apesar de ser o mais alto dos atuais SUVs compactos, suspensões dão conta do recado. Porém, há muito ruído aerodinâmico em estrada, isolamento acústico fraco em velocidades mais altas e posição de guiar excessivamente elevada que deixa a alavanca do câmbio manual distante do motorista.

Câmbio automático de quatro marchas estará disponível em junho. Preços de lançamento, entre R$ 55.900 e 66.490, ficaram dentro do esperado.

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Chery Tiggo 2

Outras fabricantes brasileiras

O país já teve marcas próprias. A primeira foi a Puma, especializada em automóveis esporte. Também abrigou cerca de duas dezenas de pequenos fabricantes de bugues, utilitários e carros esporte. Focaram em produzir veículos com componentes mecânicos, na maior parte, de origem Volkswagen.

Gurgel foi mais longe ao projetar, além de utilitários, seu próprio motor de dois cilindros e o minicarro BR-800. Pode-se mencionar ainda a Engesa, especializada em veículos de uso militar.

Todas acabaram sucumbindo por falta de capital, erros administrativos e impossibilidade de competir com filiais de fabricantes consagrados no exterior. Não se pode esquecer, ainda, que nos primórdios da indústria em 1956 havia uma marca, Romi-Isetta, que combinava também um nome brasileiro e um italiano.

Atualmente as únicas marcas originadas no Brasil e que ainda sobrevivem são a Troller -- embora pertença ao grupo americano Ford -- e a Agrale, também voltada a veículos de perfil utilitário e/ou militar.

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Roda Viva

+ Dois acidentes letais recentes com Tesla S e X semiautônomos, nos EUA, abriram os olhos dos órgãos de segurança de trânsito. Há preocupação sobre motoristas que não reassumem o controle, mesmo após avisos do sistema AutoPilot (nome infeliz ao sugerir piloto "automático"). Poderá levar resistências à homologação do nível 3 de autonomia, como já ocorre na Alemanha.

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Imagem: Alta Roda
+ Volkswagen confirmou seu primeiro SUV produzido no Brasil para a fábrica de São José dos Pinhais (PR), de onde também saem os Audi A3 sedã e Q3, Golf e Fox. O T-Cross, segundo fonte da Coluna, terá arquitetura do Virtus e início de produção em 1º de janeiro próximo. A empresa informou, apenas, que estará à venda no primeiro semestre de 2019.

+ Porsche 911 GTS subiu de patamar ao trocar o último motor aspirado (3,8 litros) por um turbo de 3 litros, 450 cv e nada menos de 56,1 kgfm de torque. Respostas ao acelerador são imediatas, praticamente sem atrasos dos antigos motores com turbocompressor. Decisão acertada porque o 911 cresceu muito em dimensões e isso fica demonstrado pelo habitáculo espaçoso.

+ Honda decidiu começar a produzir seus automóveis na nova fábrica de Itirapina (SP), a partir do início de 2019. Essa unidade, que consumiu R$ 1 bilhão, está pronta e fechada desde abril de 2015. Receberá paulatinamente toda a produção de Sumaré (SP). Fábrica mais antiga manterá centro de engenharia e fornecerá motores e componentes à unidade mais moderna.

+ Fábrica de motores da Ford em Taubaté (SP) começa a produzir o equilibrado 3-cilindros de 1,5 litro do EcoSport, que em breve equipará também o Ka  Freestyle. Motor vem sendo importado da Índia, mas desde o início previu-se a nacionalização. Demora ocorreu em razão de o governo de São Paulo ter atrasado a devolução de créditos fiscais gerados por exportações.