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Fernando Calmon

Carro autônomo é destino inevitável da indústria; resta saber como fazer

Modelos de luxo como o novo Mercedes-Benz Classe S já trazem algumas funções de condução semiautônoma - Divulgação
Modelos de luxo como o novo Mercedes-Benz Classe S já trazem algumas funções de condução semiautônoma Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL

02/08/2017 11h54

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Aliar-se a gigantes de tecnologia? Unir-se a outras fabricantes? Tentar sozinhas? Marcas "tateiam" para descobrir a melhor fórmula

Os carros autônomos chegam ao nosso dia a dia e, cedo ou tarde, serão dominantes. Mas não haverá a tecnologia dominante. Há tempos este colunista apontou que os gigantes da teleinformática, em especial Google e Apple, acostumados a ganhar muito dinheiro e a enfrentar riscos relativamente baixos, teriam desagradáveis surpresas quando fizessem contas para produzir um veículo. Isso acabou se confirmando e ambas desistiram.

Agora, admite-se que nenhuma empresa conseguirá viabilizar sozinha um automóvel autônomo. Fabricantes podem optar por se juntar à dupla do barulho, se associar a outros fornecedores, desenvolver sua própria tecnologia ou uma combinação dessas possibilidades.

Por trás disso há uma mina de ouro: informações sobre hábitos e preferência de quem utiliza o carro.

Importante conhecer os cinco níveis classificatórios de automação criados pela SAE (Sociedade de Engenheiros Automobilísticos), dos EUA, aceitos internacionalmente. No primeiro nível estão os controles eletrônicos usuais de estabilidade e limitadores de velocidade. Depois, seguem os de velocidade de cruzeiro adaptativo e de permanência na faixa de rolamento, mas neste caso o motorista deve assumir o comando do volante a intervalos regulares.

Direção autônoma (ou semiautônoma, como a coluna defende) aparece no terceiro nível. O veículo segue o fluxo de trânsito sem intervenção do motorista. Alemanha foi o primeiro país, em maio último, a autorizar seu uso, ao lado de alguns estados americanos.

A única restrição é sempre haver uma pessoa no banco do condutor para assumir a direção, quando o sistema detectar que perdeu os parâmetros de segurança. Já existem modelos importados à venda no Brasil com estes recursos.

No quarto nível a autonomia é completa, sem necessidade de um motorista atrás do volante em ambientes controlados com boas rodovias e condições climáticas favoráveis. Neste caso, ainda faltam soluções tecnológicas a custos razoáveis que podem levar de cinco a dez anos. No quinto, ainda mais distante, sem nenhuma restrição.

Quem está adiantado

Em 2019 a lei alemã (nível três) será reanalisada. Porém, todos os veículos deste tipo devem desde já ter gravador de dados semelhante à caixa preta dos aviões para esclarecimentos em caso de acidente.

Durante a condução autônoma o condutor poderá utilizar equipamentos eletrônicos, telefone ou responder mensagens. Ele não será multado, pois, em um país organizado, o automóvel estará registrado como autônomo e eventuais multas, canceladas antes de sua emissão. Se houver acidente o gravador indicará as circunstâncias e se atribuirá culpa ao motorista, por mau uso do sistema, ou ao fabricante.

No Brasil, carros com esse tipo de equipamento receberão multas mesmo em modo semiautônomo, salvo se houver um sopro de modernidade vindo do Contran, em Brasília.

É bom lembrar que os antigos navegadores portáteis chegaram a ser proibidos aqui. Só se permitiam pictogramas (setas indicativas do percurso) no painel. O ideal seria acompanhar de perto o que já se faz no exterior, antevendo consequências da modernidade e diminuindo a cultura de multar sem preocupação de educar. 

Mas, em se tratando de Brasil, parece que isso seria pedir demais...

Roda Viva

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Imagem: Alta Roda
+Volkswagen libera, aos poucos, pormenores da sexta geração do Polo. Apresentação em setembro e vendas em outubro. Haverá ampla diversificação de preço. Opcionalmente, quadro de instrumentos permitirá ver mapa do percurso em tela cheia de 10 pol., sem partilhar velocímetro e conta-giros. Motor turbo de 1.0 3-cilindos terá potência aumentada para 128 cv (etanol).

+Embora minivans estejam em queda de aceitação, a francesa C4 Picasso de cinco lugares é um modelo elegante, com visibilidade muito acima da média e interior supreendentemente bem resolvido. Em razão de grande área envidraçada motor 1,6 turbo/165 cv sofre um pouco para lidar com massa de 1.405 kg. Suspensões são algo ruidosas em piso irregular.

+Crossover mais do que SUV (à moda do Honda WR-V), JAC T40 tem no preço, espaço interno e mecânica atualizada os maiores atrativos. Versão inicial, completa, sai por R$ 58.990. Inclui câmera para gravar o que acontece à frente do veículo, acessório-febre em países como Rússia e China. Motor 1,5 litro/127 cv (etanol) garante boa agilidade para 1.125 kg de massa.

+Finalmente Google liberou o aplicativo de rotas alternativas Waze para uso em telefones inteligentes dotados de Android Auto e que podem sincronizar com sistema multimídia compatível. Car Play, da Apple, está fora. Ainda há a limitação de uso de cabo, mas pelo menos carrega a bateria do celular. Chevrolet Onix foi escolhido o carro parceiro do lançamento no Brasil.