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Fernando Calmon

Alemãs se unem para fazer carro elétrico vender muito em dez anos

Entrada de recarregamento dos carros elétricos passou a ser padronizada há pouco tempo - Divulgação
Entrada de recarregamento dos carros elétricos passou a ser padronizada há pouco tempo Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

30/11/2016 20h31

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Audi, BMW, Daimler, VW, Porsche e Ford alemã acertam parceria global

Cinco grandes nomes alemães presentes na indústria automobilística mundial acabam de anunciar um acordo, que também inclui a Ford da Alemanha, para a criação de uma rede própria de abastecimento de carros elétricos, em estradas e autopistas europeias.

Audi, BMW, Daimler (Mercedes-Benz), Volkswagen, Porsche e a Ford europeia decidiram adotar a tecnologia CCS (Sistema de Carregamento Combinado, na sigla em inglês) de alta potência: até 350 kW. O acordo envolve todas as marcas dos grupos e é uma plataforma aberta para adesão de qualquer outro fabricante.

Empurrão importante, pois até pouco tempo não havia uniformidade nem no tipo de tomada padronizada de encaixe no veículo. Por outro lado, a iniciativa prevista para 2017 demonstra que a indústria deixou a inércia para trás e decidiu não esperar governos ou empresas de eletricidade para investir na infraestrutura. Mas convém certa cautela ao analisar a decisão, longe de resolver outros empecilhos.

Primeiro: apenas 400 pontos serão inaugurados em 2017 e até 2020 a rede será ampliada -- na Europa, para comparar, há cerca de 180 mil postos convencionais de abastecimento em ruas e estradas. Segundo: a recarga elétrica será ultrarrápida, mas não se anunciou qual o tempo gasto. Em três minutos, ou até menos, é possível restabelecer 100% da autonomia de um veículo comum; espera-se algo entre 10 e 15 minutos para 80% da autonomia nominal (os 20% restantes levariam um tempo 10 ou mais vezes maior).

Terceiro pormenor, ainda por esclarecer, é se as recargas desse tipo diminuirão bastante a vida útil das baterias. Há novas unidades de íons de lítio em desenvolvimento, até com autonomia ampliada. Porém, pelo que se sabe no momento, abastecimento ultrarrápido (semanal, por exemplo) doerá muito no bolso do proprietário em médio prazo.

E por aqui?

Por coincidência, a SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) organizou em São Paulo o 6º Simpósio de Veículos Elétricos e Híbridos. Foram 17 palestras, nem todas pintando cenários róseos à frente. Entre os problemas, destaque para a grande desvalorização dos atuais carros elétricos no mercado de usados, justamente por não se saber qual é a verdadeira durabilidade da bateria de íons de lítio (com 80% de sua vida útil não gera mais potência para mover o veículo), sem falar na reciclagem, responsabilidade do fabricante do carro. Tesla, por exemplo, suspendeu o abastecimento gratuito de seus modelos nos EUA.

Estudo abrangente sobre o futuro desse mercado no mundo foi apresentado por Jomar Napoleão, da consultoria internacional LMC, representada aqui pela Carcon. A demanda por automóveis híbridos recarregáveis em tomadas (plug-in), ainda com motores a combustão, crescerá rapidamente até pelo menos 2026. Mas modelos elétricos exclusivos com baterias não terão como deslanchar antes de 2022.

Somando-se os dois segmentos, a previsão é de que dentro de 10 anos a eletrificação combinada ou isolada possa alcançar 26 milhões de unidades vendidas em um ano, ou 25% da comercialização mundial. A China estará à frente, claro, com 10 milhões de veículos, seguida pela Europa (7,8 milhões) e EUA (3,4 milhões). Em torno de 5 milhões estarão espalhadas pelo mundo com predominância bastante acentuada do Japão.

Para o Brasil, em especial, a consultoria não fez previsões. Tudo que depender de subsídio ou estímulo ao consumidor não aparece no radar.

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Roda Viva

+ Salão do Automóvel de São Paulo, encerrado no último dia 20, não chegou a bater recorde de público. Apesar de instalações superiores ao anterior Parque Anhembi, atraiu 715.477 visitantes (ante os cerca de 750 mil da edição anterior). Possível reflexo da situação econômica, mas foi o Salão mais conectado, com 759 mil fãs no Facebook.

+ Motor Firefly de três cilindros, 1 litro e 77 cv (etanol) estreia agora no Mobi. A Fiat o colocou no meio da gama de seu subcompacto com preços entre R$ 39.870 e R$ 49.020. Também estreou o aplicativo que transforma o smartfone em central multimídia, porém caro demais. Motor se destaca antes de tudo pela suavidade. Baixo peso do modelo também ajuda.

+ Honda atendeu a apelos e oferece câmbio manual de seis marchas no novo Civic Sport 2.0. Traz saudades por ter engates e curso de alavanca ótimos, mas nível de vendas será baixo. No outro extremo, versão Touring com 1.5 turbo tem desempenho melhor, mas só na posição "S" do câmbio CVT anima o motorista.

+ Picape Amarok 2017 recebeu interior novo (com sistema de entretenimento mais moderno), além de mudanças na grade e para-choque dianteiros. Todas as versões receberam sistema de frenagem automática pós-colisão, que deveria ser recurso universal de segurança. Motor V6 a diesel ficou para 2017. Preços: de R$ 113.990 (cabine simples) a R$ 177.990 (cabine dupla).

+ Explicação: na coluna anterior, sobre 60 anos do primeiro carro nacional convencional (perua DKW-Vemag), o decreto que criou o Geia é de 16 de junho de 1956. Mas, a indústria foi pautada pelo decreto de 26 de fevereiro de 1957, mais completo e específico, exigindo mínimo de quatro passageiros (incluído o motorista). Havia total lógica nessa decisão.