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Mesmo com dados falhos, Brasil celebra queda de acidentes no Carnaval

Cenas como a deste acidente entre um Chevrolet Monza e um Renault Twingo, em rodovia do Rio Grande do Sul, foram um pouco menos frequentes no Carnaval de 2015 - Fernando Ramos/Agência RBS/Folhapress
Cenas como a deste acidente entre um Chevrolet Monza e um Renault Twingo, em rodovia do Rio Grande do Sul, foram um pouco menos frequentes no Carnaval de 2015 Imagem: Fernando Ramos/Agência RBS/Folhapress

Colunista do UOL

24/02/2015 18h57

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O Carnaval deste ano foi marcado por menos acidentes, mortes e feridos nas estradas federais brasileiras, na comparação com o mesmo período do ano passado. Ainda é difícil saber se isso indica uma tendência, mas balanço divulgado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) RF) aponta que, para cada milhão de veículos registrados, o número de acidentes caiu 22%; o de mortos, 28%; o de feridos, 18%.

Cento e vinte mortes em quatro dias (incluídos os atropelamentos) é índice que ainda assusta -- e muito. Mas é inegável que a PRF se preparou para este período, sempre problemático, com ações diversas. No total, foram fiscalizados 234.038 veículos, com 1.901 apreensões de CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e 48.754 motoristas sendo obrigados a participar de ações de educação para o trânsito.

Só pelo teste de alcoolemia (o popular bafômetro) passaram 85.677 pessoas, sendo 2.006 autuados e 372 presos.

14.fev.2014 - Trecho de planalto da rodovia dos Imigrantes apresenta lentidão no caminho para a Baixada Santista neste sábado (14). Às 9h30, o trânsito apresentava 14 quilômetros de congestionamento. No caminho para a capital paulista, o trânsito estava livre - Douglas Pingituro/Futura Press/Estadão Conteúdo - Douglas Pingituro/Futura Press/Estadão Conteúdo
Como autoridades não medem o fluxo de veículos circulando pelas estradas, não dá para saber se redução é real ou está relativizada por possível redução no número de veículos trafegando
Imagem: Douglas Pingituro/Futura Press/Estadão Conteúdo
De 2007 até 2015, o índice de mortes por milhão de veículos registrados baixou nada menos de 56%, de 3,2 para 1,4. No entanto, a relação com outros países ainda fica impossibilitada pelo inchaço na frota registrada (cerca de 30% maior do que a real). Afinal, como já comentado nesta Coluna, os carros no Brasil têm certidão de nascimento, mas não de óbito. Milhares de veículos viram sucata todos os anos, mas continuam no Renavam: poucos se habilitam a enfrentar a burocracia e os custos de cancelar a documentação.

As estatísticas da PRF, no entanto, têm seu valor porque a mesma base, ainda que errada, serviu de critério em todo o período avaliado. Há alguns fatores importantes deixados de lado, entre eles a densidade do tráfego. Não foi possível descobrir se menos veículos circularam neste Carnaval por razões econômicas: combustível mais caro, índice menor de confiança no futuro e país em ambiente recessivo.

Esse dado é tão importante que, nos Estados Unidos, o balanço de acidentes, feridos e mortos leva em conta a frota real (muito bem controlada por lá) e a média de distância percorrida anualmente por veículo. Com organização estatística, pode-se medir por amostragem direta e indireta, por exemplo, pelos planos de manutenção nas oficinas.

No Brasil, deve-se esperar uma melhoria constante na segurança, à medida que mais automóveis entrarem em circulação com freios ABS e airbags. Nada, no entanto, se equivale à qualidade das estradas como fator de menor risco.

São Paulo, o Estado com as rodovias mais modernas e seguras do País, comprova isso. Segundo a Polícia Rodoviária estadual, comparando o período carnavalesco de 2014 e 2015, o número de mortos caiu de 40 para 21. Deve-se notar que a malha rodoviária federal em São Paulo é minúscula, enquanto a estadual representa mais de 40% do total de rodovias no Brasil.

Números paulistas, portanto, têm extraordinária relevância e se aproximam de países desenvolvidos por qualquer critério de comparação.

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Rodovia dos Imigrantes - Marco Ambrósio/Estadão Conteúdo - Marco Ambrósio/Estadão Conteúdo
Segurança dos carros conta, mas qualidade das estradas também ajuda a previnir mortes
Imagem: Marco Ambrósio/Estadão Conteúdo
RODA VIVA
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+ Para quem costuma desdenhar das leis de mercado, basta ver o repasse do aumento do IPI não integral para todos os modelos. Alguns fabricantes oferecem acessórios sem aumento de preço ou subsidiam seu valor. Veículos mais caros, que já não tinham IPI menor, sofreram até redução nominal de preço. Tudo em razão do ambiente econômico e setorial recessivo.

+ Atual geração do Gol deve receber retoques só no início de 2016. Novidades para 2015 são motores turboflex 1.4 (Golf, A3 Sedan e Jetta nacionais) e o 3-cilindros, também turboflex, para o up! GT. Já o Gol G6, previsto para 2017, usaria a mesma arquitetura MQB do futuro Polo e seria modelo global, situado entre up! e Polo. Possivelmente mantendo o nome Gol em todos os mercados.

+ Versões de topo do Etios sedã e hatch, batizadas de Platinum, superaram algumas críticas sobre interior pouco requintado. Visual melhorou, mas simplicidade excessiva ainda aparece nos detalhes. Exigiria um novo painel, que certamente só virá na segunda geração. Mecanicamente, o carro é muito bom e econômico (em especial o motor 1.5), mas o de 1,3 litro vence por pouco os atuais 1.0 3-cilindros.

+ Recente regulamentação de segurança sobre cintos de três pontos retráteis para todos os passageiros dos bancos de trás, com cronograma de aplicação até 2020, deixou uma falha inadmissível. Permite-se ainda vender um carro sem cintos retráteis para os dois passageiros das extremidades do banco. Eles têm que ser regulados manualmente: convite para deixar de usá-los.

+ Fabricantes de rastreadores continuam a investir em produtos complementares para incrementar a segurança contra furtos e roubos de veículos. Agora é a vez de a Pósitron oferecer rastreamento associado ao seguro, cujo preço pode ser até 50% menor do que as apólices convencionais. O seguro indeniza pela tabela FIPE cheia, em caso de sinistro, e obviamente sem franquia.