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Maior teor de etanol na gasolina é "improviso" que prejudica consumidor

Improvisos e falta de clareza atrapalham busca por combustível melhor - LUIZ COSTA/JORNAL HOJE EM DIA - 17.1.2011
Improvisos e falta de clareza atrapalham busca por combustível melhor Imagem: LUIZ COSTA/JORNAL HOJE EM DIA - 17.1.2011

Colunista do UOL

23/09/2014 19h32

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A política de combustíveis no Brasil continua errática e com alto grau de improvisação. Exemplo mais recente é a lei já aprovada que autoriza o aumento do teor de etanol anidro de 25% para 27,5%, desde que testes comprovem viabilidade técnica. Uma lei condicional! Não seria mais lógico primeiro fazer todas as avaliações e, se aprovada a nova mistura, então encaminhar projeto de lei ao Congresso Nacional?

Motores modernos têm condição de lidar com esse aumento de mistura sem problema de partida a frio ou falhas de aceleração. Os testes conduzidos pela Petrobras deverão indicar isso, mas ninguém deu atenção aos motores antigos com carburador ou injeções de combustível de primeira geração.

Além disso, o consumo pode aumentar marginalmente. A gasolina padrão prevista no Inovar-Auto, que determina os limites de emissões e metas de eficiência energética, contém apenas 22% de etanol. Com 25%, o motorista já perde um pouco em consumo; com 27,5%, mais ainda. 

Fiscal da ANP fiscaliza combustível - José Cruz/Agência Brasil - José Cruz/Agência Brasil
De um lado, regra da gasolina 100% aditivada é adiada para 2015; do outro, governo autoriza aumento do teor de etanol para 27,5%
Imagem: José Cruz/Agência Brasil
FÁBRICAS ACOMODADAS, GOVERNO ATRAPALHADO
O governo tem feito trapalhadas. Em meados do ano, resolveu estimular a melhoria relativa de consumo/autonomia entre etanol e gasolina em motores flex, porque a indústria se acomodou e hoje mal consegue manter a paridade esperada de 70%. A nova lei sinaliza apenas que “poderá” haver abatimento de imposto para veículos que alcançarem relação acima de 75%. 

Com a tendência de aplicação de turbocompressor, particularmente ótimo em motores flex, por aproveitar bem melhor as características químicas do etanol, não seria difícil atingir a meta, embora a custo maior. Porém, enquanto não for divulgado quanto cairia o imposto e se o incentivo vale por versão, modelo ou média de tudo que produz, nenhuma fábrica vai se mexer. Algumas estão até contrariadas, em especial as que, por pura miopia, têm motores bicombustível com desempenho sofrível quando bebem etanol.

MELHORIAS À FRENTE
No recente Seminário Internacional de Combustíveis, organizado pela AEA em São Paulo, ficou explícita a discórdia entre governo, agência reguladora (ANP) e Petrobras -- a responsável, na prática, por toda a gasolina vendida no país. Em dezembro de 2009, decidiu-se que o Brasil passaria a trabalhar só com gasolina aditivada em janeiro deste ano, assim como na maioria dos países com grandes frotas. A proposta não foi concretizada e acabou adiada para julho de 2015. Ou seja: uma finge que regulamenta e a outra finge que não entende.

De qualquer forma, a atual gasolina S50 (50 ppm de enxofre), de melhor qualidade e obrigatória desde 1º de janeiro último, evoluirá dentro de menos de um ano (se não houver outro atraso), graças a aditivos detergentes e dispersantes para limpar e manter limpos injetores, válvulas, câmaras de combustão e coletores. Além de tentar prever a forma como o mercado reagirá a uma gasolina 100% aditivada, o seminário também debateu a qualidade mínima desses aditivos, os riscos de uso em excesso e a descontaminação das estruturas de transporte.

As distribuidoras deverão se preparar para uma guerra de comunicação ainda maior em meados do próximo ano. Há aditivos específicos de redução de atrito entre pistões e cilindros, com potencial de discreta melhora de desempenho e até de consumo, que se somam aos aditivos detergentes-dispersantes. Cada uma terá de convencer o consumidor que a sua gasolina é superior à do concorrente. 
Combustível, gasolina, álcool, etanol, posto, abastecimento, diesel - Alessandro Shinoda/Folhapress - Alessandro Shinoda/Folhapress
Governo, ANP e Petrobras divergem sobre prazos e diretrizes
Imagem: Alessandro Shinoda/Folhapress
RODA VIVA
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+ Ainda no capítulo das trapalhadas, é inacreditável o governo estimular apenas modelos híbridos que não carregam bateria em tomada. Os puramente elétricos também ficaram de fora do corte no imposto de importação. São carros bem mais caros e, assim, de vendas limitadas, sem risco de sobrecarregar a rede elétrica.

+ Mercedes-Benz GLA, agora importado e nacional em 2016, destaca-se pelo estilo esportivo frente a outros SUVs compactos. Motor turbo 1.6, de 156 cv, dá conta do recado, mas o ideal mesmo seria potência maior. Materiais internos, de primeira linha, contrastam com ausência de ar-condicionado automático e GPS para o preço de R$ 132.900. Versão completa salta para R$ 152.900.

+ Nova geração do Honda City ganhou espaço interno (na frente e atrás), além de equipamentos como câmera de ré regulável em três ângulos. Melhorou o vão de acesso ao generoso porta-malas de 536 l. Câmbio automático CVT agora tem sete marchas virtuais e hastes no volante, mas o motor 1.5 de 116 cv renda melhor no Fit. Preços continuam puxados: R$ 53.900 a R$ 69.000.

+ Mitsubishi Outlander terá no início de 2015 versão híbrida plugável em tomada. Diferencia-se por soluções técnicas brilhantes. A começar pelos dois motores elétricos (um para cada eixo) que permitem tração integral gerenciável de forma automática, sem o peso dos componentes mecânicos. Estes motores trabalham em série e em paralelo ao de combustão.

+Outras vantagens do Outlander PHEV: acelerar da partida até 120 km/h no modo elétrico; cinco níveis de gerenciamento de recuperação de energia em frenagens; e possibilidade de ligar o motor a combustão apenas para recarregar a bateria. Esta última função permite, ao final de viagem em estrada, contar com a bateria em nível máximo para uso urbano.